Ontem vi o 6º pássaro morto, contando desde julho. Digo "o" e não "um", porque enquanto ando todos os dias, sinto como se fosse algo inevitável.
A diferença desse é que ele foi o único que vi enquanto vivo.
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Vasinho dentro de um tamanco holandês de um restaurante que fomos no dia das mães. |
Enquanto ia fazer meu horário de almoço, devia ser 12h10, vi uma pomba sentadinha, meio estranha, sentada esparramadinha demais, na terrinha do lado de uma árvore do meu caminho. Avistei ela antes de me aproximar, não vi inicialmente que estava sentada, achei que estava só ciscando então prossegui andando lentamente bem encostada na parede da rua, pra ela não assustar e voar. Até que percebi que ela estava sentada e estranhei. Parei no meio do caminho e olhei pra ela, olhos abertos, estava viva yeyyyy, seria um dia sem pássaros mortos! Mas estava com um machucadinho bem na dobradura da asa, tipo no ombro. Pensei logicamente: ok, tá sentada meio estranha e não voou porque tá machucada, tá descansando e depois vai melhorar pra ir embora, voar, viver, não sei.
E fui embora (pensando na minha cabeça por favor que ela melhore e pro Asclépio deixar ela bem) com a certeza que olhei pra uma pomba viva.
Voltando pro trabalho pelo mesmo caminho, umas 14h10, procurei a pomba pra ver se estava no mesmo lugar e encontrei ela já morta. Estava virada de barriga pra cima, com os pézinhos com os dedos tensionados e duros em formato de garrinha, pescoço meio torto. Fiquei nãoooooo, de novo nãooooo!!!!!!!
Inicialmente, supus que ela se machucou e acabou não aguentando, mas depois percebi que a cabeça tava levemente muito pro lado e algumas penas soltas em volta, então acho que algum cachorro deve ter atacado ela, que estava indefesa sentada. Mesmo que o pescoço quebrado for coisa da minha imaginação, acho que não teria pena espalhada por aí se ela tivesse morrido sem-cachorro.
Tá ficando meio estranho demais. 2025 é meu quarto ano morando aqui e eu só tinha visto 1 pássaro morto, mas desde julho vi 6. Tipo wtf
Sei que as coisas e os animais estão sempre morrendo, a vida um dia termina e etc, mas tipo a gente não vê isso, ninguém percebe. Será que passei a andar olhando demais pro chão? O que mudou?
Com todos eles, tentei observar se não foi animal que matou, acidente de atropelamento sei lá, mas todos (tirando a pomba de ontem) pareciam perfeitos visualmente, como se só tivessem caído de um galho ou do céu mortos no chão.
Teve uma hora que até pensei que talvez estivessem morrendo intoxicados com alguma coisa, uma vez li que não é bom deixar comedouro pra pássaro porque se um tem uma doença, todos que comem lá depois acabam pegando também. Achei ser algo assim, alguma coisa que os pássaros do bairro estivessem comendo, sei lá. Mas não sei
Foram eles: uma rolinha, uma pomba, um periquito verde, um pássaro marronzinho comum, um pequeno preto e branco e ontem a pomba.
- O primeiro de todos, a rolinha, eu ia mover da calçada pra outro lugar. Lembro que vi quando estava indo pro trabalho e pensei "se ainda estiver no meio da calçada quando eu voltar, vou pegar com uma sacolinha e deixar num lugar de terra". MORRO de medo de alguém propositalmente chutar o animal morto. Mas na volta alguém!!! já tinha colocado a rolinha na terrinha do lado da árvore, fiquei feliz que uma pessoa também se importava. (Só que teve um horrível porém: depois de alguns dias dela se decompondo lá, algum cachorro deve ter pego o corpo e balançado ou destroçado, porque tinha pedaço e pena por toda a proximidade, foi bem aterrador)
- O segundo, a pomba, estava já no meio fio, mas não foi acidente de atropelamento, acho que alguém só rolou (
chutou) ela pra fora da calçada.
- O terceiro, o periquito verde, também estava no meio da calçada, fiquei com a mesma promessa na cabeça, se estivesse lá na volta, eu moveria pra algum lugar onde achasse que ninguém ia chutar. Na volta, ele sumiu completamente, acho que alguém levou.
- O quarto, não lembro de nada específico, mas fiquei triste igual, acho que era um pardalzinho, que amo muito.
- O quinto pássaro, vi dia 22 de agosto, não teve acontecimento marcante além da morte, mas tenho a data porque mandei mensagem pra um amigo falando o quão esquisito tudo isso era.
Teve um pulo grande de tempo pro de ontem, 24 de setembro, cheguei em algum momento a fantasiar que não veria mais nenhum.
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Não abandonei o blog!! Nunca esqueci dele, é que consegui um emprego final de março e trabalhar mata alguma coisa dentro da gente. Só enrolo e enrolo, ensaio na minha cabeça as coisas e não faço nada, sempre cansada e não consigo pensar direito. É a vida, né?
Meu desejo de escrever e postar nunca morreu.
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